A surdocegueira é a nomenclatura utilizada para identificar a
pessoa que apresenta perdas visuais e auditivas ao mesmo tempo, e tais
limitações podem configurar-se em diferentes níveis, podendo ser, segundo
MAIA(2011): surdocego total; surdocego com surdez profunda associada com
resíduo visual; surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual;
surdoego com surdez moderada ou leve com cegueira; surdocego com perdas leves,
tanto auditivas quantas visuais. É importante salientar que a surdocegueira
pode ser congênita, que é aquela que se apresenta desde o nascimento da criança
e já no seus primeiros anos de vida, antes da aquisição de uma língua, ou
adquirida, quando a pessoa fica cega após a aquisição de uma língua, seja oral
ou sinalizada.
A deficiência múltipla é
compreendida no Brasil como a associação de duas ou mais deficiências,
diferenciando-se nas demais partes do mundo, onde somente é considerada DMU se
for uma deficiência associada a deficiência intelectual. Segundo MAIA(2011), no
Brasil a DMU pode apresentar-se como DF/DI; DF/TGD; DA/DI; DV/DI; DA/TGD; DV/TGD; DA/DF; DA/PC; DV/DF; DV/PC; DF/DV/DI; DF/DA/ DI; DV/PC/DI.
A pessoa com
surdocegueira, devido suas limitações, não é capaz de apreender o ambiente a
sua volta de maneira exata, é necessário construir um sistema de comunicação
que favoreça a percepção do mundo que a cerca. Já na deficiência múltipla,
apesar das informações também não chegarem de maneira fiel, ela poderá contar
com a audição ou a visão para construir conhecimento, o que na pessoa com
surdocegueira acontece com o uso dos canais sensoriais remanescentes, como
tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
O processo de comunicação
é essencial para qualquer pessoa, principalmente para aquela que tem alguma
deficiência. No caso da pessoa com surdocegueira e deficiência múltipla é
essencial um planejamento rigoroso e focado na construção de um sistema eficaz
de comunicação a fim de favorecer seu desenvolvimento.
Para a pessoa com
surdocegueira ou com deficiência múltipla é importante iniciar com as instruções mais simples para as mais
complexas, dividir as atividades em etapas possíveis de serem realizadas,
partir a construção do concreto para o abstrato, repetir quantas vezes forem
necessárias o comando das atividades, respeitando o ritmo de aprendizagem da
pessoa com surdocegueira ou DMU.
Também é necessário um
planejamento que contemple a orientação e mobilidade da pessoa com surdocegueira
e DMU, no qual a adequação física e estrutural dos espaços dos quais a pessoa
com deficiência participe privilegia uma mobilidade com autonomia e
independência.
No processo de
escolarização são necessárias adequações significativas que considerem as especificidades
dos educandos e desenvolva suas potencialidades. Há que se implantar um
programa de formação continuada para os educadores e profissionais do contexto
escolar que trabalham com o educando, para que eles sejam capazes de
implementar estratégias metodológicas adequadas ao educando.
O uso
das tecnologias assistivas é essencial. Os mais variados recursos como, prancha
de comunicação, livro de conversação, caixa de antecipação, livro de e com
texturas, jogos sensoriais e outros do gênero, são importantes no
desenvolvimento das atividades para que o educando tenha condições
de antecipar situações, pessoas, lugares, atividades, criar noção de horários e
qualificar ações.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BOSCO,
Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla
(2010). Capítulo 4 - A escola comum e o aluno
com surdocegueira. Capítulo 5 - Deslocamento em trajetos. Capítulo 6 - Pessoa
com surdocegueira.
MAIA,
Shirley Rodrigues. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e
Deficiência Múltipla. São Paulo, 2011.