segunda-feira, 5 de maio de 2014

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES



A surdocegueira  é a nomenclatura utilizada para identificar a pessoa que apresenta perdas visuais e auditivas ao mesmo tempo, e tais limitações podem configurar-se em diferentes níveis, podendo ser, segundo MAIA(2011): surdocego total; surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual; surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual; surdoego com surdez moderada ou leve com cegueira; surdocego com perdas leves, tanto auditivas quantas visuais. É importante salientar que a surdocegueira pode ser congênita, que é aquela que se apresenta desde o nascimento da criança e já no seus primeiros anos de vida, antes da aquisição de uma língua, ou adquirida, quando a pessoa fica cega após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada.
A deficiência múltipla é compreendida no Brasil como a associação de duas ou mais deficiências, diferenciando-se nas demais partes do mundo, onde somente é considerada DMU se for uma deficiência associada a deficiência intelectual. Segundo MAIA(2011), no Brasil a DMU pode apresentar-se como DF/DI; DF/TGD; DA/DI; DV/DI; DA/TGD; DV/TGD; DA/DF; DA/PC; DV/DF; DV/PC; DF/DV/DI; DF/DA/ DI; DV/PC/DI.
A pessoa com surdocegueira, devido suas limitações, não é capaz de apreender o ambiente a sua volta de maneira exata, é necessário construir um sistema de comunicação que favoreça a percepção do mundo que a cerca. Já na deficiência múltipla, apesar das informações também não chegarem de maneira fiel, ela poderá contar com a audição ou a visão para construir conhecimento, o que na pessoa com surdocegueira acontece com o uso dos canais sensoriais remanescentes, como tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
O processo de comunicação é essencial para qualquer pessoa, principalmente para aquela que tem alguma deficiência. No caso da pessoa com surdocegueira e deficiência múltipla é essencial um planejamento rigoroso e focado na construção de um sistema eficaz de comunicação a fim de favorecer seu desenvolvimento.
Para a pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é importante iniciar com as  instruções mais simples para as mais complexas, dividir as atividades em etapas possíveis de serem realizadas, partir a construção do concreto para o abstrato, repetir quantas vezes forem necessárias o comando das atividades, respeitando o ritmo de aprendizagem da pessoa com surdocegueira ou DMU.
Também é necessário um planejamento que contemple a orientação e mobilidade da pessoa com surdocegueira e DMU, no qual a adequação física e estrutural dos espaços dos quais a pessoa com deficiência participe privilegia uma mobilidade com autonomia e independência.
No processo de escolarização são necessárias adequações significativas que considerem as especificidades dos educandos e desenvolva suas potencialidades. Há que se implantar um programa de formação continuada para os educadores e profissionais do contexto escolar que trabalham com o educando, para que eles sejam capazes de implementar estratégias metodológicas adequadas ao educando.
O uso das tecnologias assistivas é essencial. Os mais variados recursos como, prancha de comunicação, livro de conversação, caixa de antecipação, livro de e com texturas, jogos sensoriais e outros do gênero, são importantes no desenvolvimento das atividades para que o educando tenha condições de antecipar situações, pessoas, lugares, atividades, criar noção de horários e qualificar ações.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010). Capítulo 4 - A escola comum e o aluno com surdocegueira. Capítulo 5 - Deslocamento em trajetos. Capítulo 6 - Pessoa com surdocegueira.
MAIA, Shirley Rodrigues. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. São Paulo, 2011.