sábado, 2 de agosto de 2014

PARA REFLETIR



O texto de Italo Calvino “O Modelo dos modelos”, traz analogias muito interessantes quando se relaciona as ideias principais colocadas pelo autor com a prática do Atendimento Educacional Especializado e, em última instância, com o processo de inclusão.

O autor levanta na sua escrita a inadequação dos padrões, e tal máxima é perfeitamente aplicável quando o que está em pauta é inclusão e AEE. Pois não há como pensar processo inclusivo a partir de padrões, pois certamente alguém/alguns ficarão à margem, caracterizando a realidade excludente que a suposta homogeneidade impõe.

A trajetória vivida pelo personagem do texto, o Senhor Palomar, de certa maneira revela a trajetória vivida pela humanidade no que se refere o processo de inclusão.

A primeira exigência era o modelo perfeito, harmônico e, dessa forma, o que fugia disso era desconsiderado, descartado. Mas a experiência deixou evidente que não há uma única realidade que deva ser considerada, mas sim realidades que requerem vários modelos (sempre suscetíveis a mudanças e transformações) que contemplem cada um desses contextos, evidenciando assim que a rigidez e a unicidade de modelo é uma falácia.

O AEE, neste sentido, como o próprio nome sugere, requer a busca da individualidade do sujeito, a fim de que este seja respeitado e considerado nas suas especificidades, potencialidades e limitações; portanto a ideia de uniformidade não cabe na prática inclusiva.

E esse deve ser um exercício constante que todo educador, toda pessoa, deve preocupar-se em fazer, e permitir-se, a exemplo do Senhor Palomar, apagar da mente a crença num único modelo, único modelo de educando, único modelo de ensino, único modelo de aprendizagem. Essa quebra de paradigma é essencial para a construção de uma educação inclusiva.

AEE pressupõe diversidade, pluralidade, desigualdade, construção, processo...

REFEREÊNCIA:

CALVINO, Ítalo. O modelo dos modelos. AEE UFC, 2014.