O texto de Italo Calvino “O Modelo dos modelos”, traz
analogias muito interessantes quando se relaciona as ideias principais
colocadas pelo autor com a prática do Atendimento Educacional Especializado e,
em última instância, com o processo de inclusão.
O autor levanta na sua escrita a inadequação dos padrões, e
tal máxima é perfeitamente aplicável quando o que está em pauta é inclusão e
AEE. Pois não há como pensar processo inclusivo a partir de padrões, pois
certamente alguém/alguns ficarão à margem, caracterizando a realidade
excludente que a suposta homogeneidade impõe.
A trajetória vivida pelo personagem do texto, o Senhor
Palomar, de certa maneira revela a trajetória vivida pela humanidade no que se
refere o processo de inclusão.
A primeira exigência era o modelo perfeito, harmônico e,
dessa forma, o que fugia disso era desconsiderado, descartado. Mas a
experiência deixou evidente que não há uma única realidade que deva ser
considerada, mas sim realidades que requerem vários modelos (sempre suscetíveis
a mudanças e transformações) que contemplem cada um desses contextos, evidenciando
assim que a rigidez e a unicidade de modelo é uma falácia.
O AEE, neste sentido, como o próprio nome sugere, requer a
busca da individualidade do sujeito, a fim de que este seja respeitado e
considerado nas suas especificidades, potencialidades e limitações; portanto a
ideia de uniformidade não cabe na prática inclusiva.
E esse deve ser um exercício constante que todo educador,
toda pessoa, deve preocupar-se em fazer, e permitir-se, a exemplo do Senhor
Palomar, apagar da mente a crença num único modelo, único modelo de educando,
único modelo de ensino, único modelo de aprendizagem. Essa quebra de paradigma
é essencial para a construção de uma educação inclusiva.
AEE pressupõe diversidade, pluralidade, desigualdade,
construção, processo...
REFEREÊNCIA:
CALVINO, Ítalo. O modelo dos modelos. AEE UFC, 2014.